terça-feira, 27 de outubro de 2009

Caminho

E se antes era tão poético acordar aquela hora todo dia, hoje já não havia mais graça ouvir o cantar dos pássaros. Seu par de chinelos o esperava ao pé da cama, para serem calçados e conduzidos até o banheiro, onde o banho não durava menos do que 30 minutos. A fumaça de vapor ocupava cada metro cúbico do banheiro, criando uma neblina densa, da qual ele tirava comparações, de como andava sua vida. O ato de desligar o chuveiro era uma decisão difícil, encarar o chão frio com seus pés molhados e correr até o quarto em passos curtos para se vestir. Parecia outro dia, pessoas já caminhavam em direção de seu destino, e aquilo o incitava a filosofar sobre quantas vidas estavam lá fora, quantas estavam realmente felizes e quantas andando apenas como mortos vivos, por ter que fazer algo realmente sem propósito nenhum. Ele não sabia em que categoria se encaixava, enquanto procurava algum par de meias em sua gaveta. A difícil missão de chegar no horário certo, mesmo com tantos obstáculos no caminho.

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