sábado, 9 de junho de 2012

Sobre meu sorriso



Ela falou alguma coisa sobre meu sorriso e 
depois parou, como se não quisesse dar pano pra manga. Mas logo depois me abraçou e me segurou de um jeito que parecia dizer "não quero te perder". Foi erro meu não te avisar, que eu era profundo demais, não sei me segurar. Se eu acho que está tudo bem, está e pronto. Não gosto de discutir esse tipo de coisa, se me sinto bem está tudo bem, é egoísmo e eu sei. Agora, se você quer ignorar, fingir que não aconteceu, tudo bem. Eu entro no seu jogo e faço parecer que isso tudo é sem segunda intenção nenhuma. Você finge que não percebe e eu finjo que não estou fazendo, simples assim. Como foi simples para você fingir que desde o começo eu já não estava aos seus pés, deixa estar. Mas meu erro foi não te avisar que eu ia longe demais. Eu sei que erro demais, e assumo demais os meus erros, nem tento disfarçar. É um pouco assim que você gosta, mas não demais. É alguém querer ser dono de alguém e nunca deixar de ser, é ter presença no pensamento mesmo que não haja mais presença, é um pouco de tudo e também não é nada demais.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mania

Ele saía e tinha que ter uma coisa ou outra: um fone de ouvido tocando músicas que ele já estava enjoado de ouvir ou um cigarro na mão. Era essa mania de ficar ansioso por não ter nada oque fazer enquanto anda. O simples fato de cantarolar uma música ou dar um trago em um cigarro o deixava mais calmo, às vezes fazia os dois ao mesmo tempo. Enquanto isso olhava para o chão de vez em quando. Não podia pisar em cima das riscas do cimento, ele sempre lembrava, subir uma calçada com o pé esquerdo? Complicado. Pensava sempre no comportamento ecologicamente correto ao pegar uma folha de papel só para abrir a porta do banheiro no trabalho, mas se preocupava mais mesmo era com a gripe suína. Mania ele tinha muitas, mas nem se dava conta.
Um dia saiu por aí querendo retirar da vida todas as suas manias. A do fone de ouvido, cigarros, pisar nos quadradinhos certos, abrir a porta com um papel... Na primeira esquina pisou em cima de uma linha na calçada. Deu a volta calmamente, caminhando em direção de sua casa. Abriu a porta e pegou seus fones de ouvido e um maço de cigarros. Sentia que aquele dia não seria um bom dia.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem fala...?

Hoje acordei cedo, eu sei. Sou incoveniente, mas admito que estou cansado de chegar nas piores horas, não tenho culpa. São encontros inesperados que me fazem aparecer assim, de repente. Sei que atraso sua ida ao trabalho, seu passeio no parque e às vezes até deixo você sem saber para onde ir. Não... isso não é ciúme... Essa vida não é fácil, são idas e vindas... Já conheço o mundo inteiro, naveguei pelos sete mares mas isso não me traz conforto, é difícil não ter para onde ir, e deixar assim... o vento me levar. Às vezes sou como tempestade, às vezes sou leve como uma garota, mas nunca sou seco. Alguns me chamam de àgua que cai do céu, outros me chamam de chuva.

Silêncio

Pegar o ônibus àquela hora não era tão comum. Ele nunca imaginou que nesse horário tantas pessoas pegassem o mesmo ônibus que ele. Quase sempre havia um lugar para sentar, do lado da pessoa com a cara de maior inconveniente. Mas o que mais lhe agradava era o silêncio. Todos que estavam ali estavam cansados por isso não conversavam. Já era comum gostar do silêncio, logo ele que falava o dia inteiro no telemarketing. Mas o silêncio, ah... o silêncio. Cada segundo de silêncio soava como uma nota diferente e a canção ia se formando, o silêncio e o balançar do ônibus, e uma canção de ninar se formava. Ele adormecia em pouco tempo até perceber que o ponto ficou pra trás. Ah como ele odiava o silêncio, e essas notas musicais...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Impossível

Ninguém sabe o quanto difícil é ter que esquecer alguém, até que isso aconteça. Não que isso tenha acontecido comigo. Ninguém sabe também como é difícil nunca mais ver uma pessoa tão importante na sua vida. Não que isso também tenha acontecido comigo, nunca. E também existe gente que não sabe como é difícil ter que lidar com seus próprios pensamentos, que hora lhe dão força, outra hora te derrubam. Não que...

Caminho

E se antes era tão poético acordar aquela hora todo dia, hoje já não havia mais graça ouvir o cantar dos pássaros. Seu par de chinelos o esperava ao pé da cama, para serem calçados e conduzidos até o banheiro, onde o banho não durava menos do que 30 minutos. A fumaça de vapor ocupava cada metro cúbico do banheiro, criando uma neblina densa, da qual ele tirava comparações, de como andava sua vida. O ato de desligar o chuveiro era uma decisão difícil, encarar o chão frio com seus pés molhados e correr até o quarto em passos curtos para se vestir. Parecia outro dia, pessoas já caminhavam em direção de seu destino, e aquilo o incitava a filosofar sobre quantas vidas estavam lá fora, quantas estavam realmente felizes e quantas andando apenas como mortos vivos, por ter que fazer algo realmente sem propósito nenhum. Ele não sabia em que categoria se encaixava, enquanto procurava algum par de meias em sua gaveta. A difícil missão de chegar no horário certo, mesmo com tantos obstáculos no caminho.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Bem.

É verdade. Todo poeta só é bom se for bem triste. Não só poetas. Acho que todo aquele que se entrega a fazer algo como escrever, pintar etc. deve estar imerso em uma nuvem de tristeza ou auto-reflexão. Ultimamente ando tão feliz, tão bem que até esqueço de criar algo, de pensar em algo legal para botar aqui. Mas vou me esforçar, é que estou bem. E não sei o que sai de minha mente quando estou assim, de repente eu consiga furar esse bloqueio que me atinge quando estou bem. É, estou bem. Até que algo aconteça novamente, é isso que todos esperamos ;D