terça-feira, 27 de outubro de 2009

Impossível

Ninguém sabe o quanto difícil é ter que esquecer alguém, até que isso aconteça. Não que isso tenha acontecido comigo. Ninguém sabe também como é difícil nunca mais ver uma pessoa tão importante na sua vida. Não que isso também tenha acontecido comigo, nunca. E também existe gente que não sabe como é difícil ter que lidar com seus próprios pensamentos, que hora lhe dão força, outra hora te derrubam. Não que...

Caminho

E se antes era tão poético acordar aquela hora todo dia, hoje já não havia mais graça ouvir o cantar dos pássaros. Seu par de chinelos o esperava ao pé da cama, para serem calçados e conduzidos até o banheiro, onde o banho não durava menos do que 30 minutos. A fumaça de vapor ocupava cada metro cúbico do banheiro, criando uma neblina densa, da qual ele tirava comparações, de como andava sua vida. O ato de desligar o chuveiro era uma decisão difícil, encarar o chão frio com seus pés molhados e correr até o quarto em passos curtos para se vestir. Parecia outro dia, pessoas já caminhavam em direção de seu destino, e aquilo o incitava a filosofar sobre quantas vidas estavam lá fora, quantas estavam realmente felizes e quantas andando apenas como mortos vivos, por ter que fazer algo realmente sem propósito nenhum. Ele não sabia em que categoria se encaixava, enquanto procurava algum par de meias em sua gaveta. A difícil missão de chegar no horário certo, mesmo com tantos obstáculos no caminho.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Bem.

É verdade. Todo poeta só é bom se for bem triste. Não só poetas. Acho que todo aquele que se entrega a fazer algo como escrever, pintar etc. deve estar imerso em uma nuvem de tristeza ou auto-reflexão. Ultimamente ando tão feliz, tão bem que até esqueço de criar algo, de pensar em algo legal para botar aqui. Mas vou me esforçar, é que estou bem. E não sei o que sai de minha mente quando estou assim, de repente eu consiga furar esse bloqueio que me atinge quando estou bem. É, estou bem. Até que algo aconteça novamente, é isso que todos esperamos ;D

domingo, 25 de janeiro de 2009

Dê dois.

Dois carros já estavam parados frente à sua casa. Era só mais una noite de sexta qualquer. Enquanto pessoas "normais" andam de um lado para outro e procurando o acasalamento ele se mantém fixo em seu quarto. Luz apagada, janela fechada, por onde só entravam a luz da lua pelas frestas de madeira, podendo ser confundida como a iluminação da rua. A lua já estava bem posicionada sob sua casa, pronta para se derramar em tragédia.
Saem dos carros parados na rua três rapazes, bem vestidos, mas nús de bom-humor. Acho também que nenhuma piada cretina seria bem-vinda nessa hora. Andaram em direção à casa amarela, com grades bonitas pintadas de verniz. Já eram duas da manhã. Ele só pôde se dar ao luxo de se assustar com o arrombamento da porta, foi alvejado rastejando tentando alcançar sua pistola. No dia seguinte sua casa amanheceu em brasas com os bombeiros controlando o fogo. A causa do incêndio? Teve um enfarte enquanto fumava maconha, que caiu em seu carpete dando início ao incêndio. Eles nunca souberam como foi.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Um tiro.

Ela tinha o sonho de mudar o mundo, nem para melhor nem para pior, mas queria fazer algo. Com 13 anos de idade começou a fumar maconha, se sentia livre, rebelde. Aos 15 já usava cocaína, e aproveitava mais a noite com os amigos, virava madrugadas como doses de vodka. aos 16 usou heroína, gostou. Aos mesmos 16 anos de idade ela engravidou de seu namorado, um igual viciado em drogas, que morava na mesma rua. Aquilo foi o fim, e sua família ao menos sabia de algo, a única que a entendia era sua gata Margot, que parecia sentir toda agonia de sua dona, desesperada com o que poderia acontecer. Era certo o aborto que seu namorado pedia tanto? Tanto faz, tendo ou não teno o filho com certeza ele nunca mais apareceria mesmo, além do mais ela sempre gostou de brincar de bonecas, talvez fosse algo parecido. Mas quando ela se cansava de suas bonecas, as guardava no armário, de onde só tiraria quando tivesse vontade novamente. Crianças não podem ser criadas dessa maneira, mas ela não queria saber. Ao terceiro mês de gestação seu namorado já havia desaparecido, e a família já estava a par de tudo. Ela tinha sorte, de ter uma família daquelas. Mas prometeram que assim que o filho nascesse ela seria internada em uma clínica de reabilitação para viciados. Ela aceitou, e até o sétimo mês de gestação seguiu uma nova vida, sem drogas, sem loucuras. Ao oitavo mês se cansou e já estava enjoada de brincar de grávida. Deitou em sua cama, apagou a luz e dormiu. Ao seu lado um copo de água e alguns calmantes. O dia seguinte? Não mais.